Com o verão começa a temporada de chuvas.
Foi-se o tempo que o São Bartolomeu enchia demais e arrastava casas.
Marco na história de Viçosa foi a enchente de 1948.
De lá pra cá o rio foi aprofundado e alargado. Construíram as represas do campus da UFV, e com a vazão controlada, pode-se ocupar intensivamente suas margens.
Já que não há mais enchentes, então vamos ignorar o rio. Há até quem pense em canaliza-lo.
Mas não falemos disso por agora.
Andei lendo umas coisas do Jaime Lerner e sou fã do cara. Depois eu abro meu lado urbanista aqui.
O imóvel Art Déco mais bacana da cidade. Um dos únicos. Era... |
Alagamentos de algumas vias, enxurradas arrancando o calçamento, buracos nas vias, pedestres levando banhos de água e imóveis caindo.
E não, não estou falando de áreas de risco, estou falando do centro da cidade.
Dentre os imóveis que desabaram na última quinta-feira estão uma casa na esquina da Doutor Brito com a Dona Gertrudes e um imóvel na Av Santa Rita.
Esse último me deixou com o coração apertado.
Uma construção com seus, talvez, 70 anos, com características originais preservadas.
Um milagre, pra uma cidade que se renova tão rápido.
Renovação é bom, é natural, é a cidade viva..., mas quando fragmentos de memória e história são encontrados, devem ser valorizados.
O imóvel estava parcialmente abandonado. Sem manutenção. Em estado péssimo.
Há meses observo que sua fachada estava solta do resto do volume. Se não fosse contida, ela desabaria.
Quanto a imóveis abandonados, não exercendo seu valor social, a prefeitura não faz muita coisa. Nunca conheci alguém que se quer tivesse sido notificado.
Quanto a imóveis que geram risco de vida devido ao estado de conservação, as vezes eu vejo interdições.
Não sei como isso funciona; deve ser por denúncia, pois por necessidade e percepção dos órgãos públicos não é. O tal imóvel estava visivelmente ruim e ninguém fez nada.
Mas aqui choro as mágoas de ter perdido um dos raros imóveis Art Déco da cidade. Lembro-me de apenas outros 3 ou 4. Na sua simplicidade refletia uma época áurea de uma boulevard exuberante que era o retrato da evolução da cidade.
Agora o imóvel no chão, continua o retrato da evolução da cidade. E por evolução não se entende avanço, progresso, apenas mudança. Pois uma cidade que deixa imóveis desabar em pleno Centro, construções de valor significativo se perderem sem nem ao menos serem documentadas, ignoram o passado.
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