domingo, 27 de fevereiro de 2011

E o Oscar vai para...

Oscar virou meio que uma tradição desde que eu ganhei cartão verde pra dormir mais tarde.
Tá, aquelas cerimônias demoradas e chatas me faziam dormir na metade...

Mas de uns anos pra cá tenho visto mais filmes, construído algumas referências e lido mais sobre o assunto.

Desde 2006 tem o Bolão do Oscar, que participo, e esse ano não poderia ser diferente.
Tá, não entendo nada de Oscar, mas é divertido.

Esse ano a Academia deu uma rejuvenescida no evento, deixou uma coisa mais ágil, contemporânea.
O Oscar é mais que uma premiação; é um show que sustenta financeiramente a Academia e seus projetos durante todo o ano.
O diretor disso tudo tem a responsabilidade financeira de não fazer merda e atrair o maior número de espectadores.

A Globo, como sempre, anunciou e cortou a cerimônia em prol do BBB.
Falta de educação, ética, propaganda enganosa?

Enfim, vamos aos vencedores.



Um ano sem grandes favoritos.
A dúvida era se o grande premiado seria o filme sobre o rei, ou sobre um nerd.

Consegui ver 9 dos 10 filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme. Claro que eu não vi o que ganhou boa parte dos prêmios. Tenho sorte?

Tinha filme sobre a menina doida que faz balé
Outro sobre boxe e drogas
Um sobre arquitetos e sonhos
E tinha um sobre um cara que era gago, mas era rei.
Tinha filme sobre um nerd que ficou rico
Um sobre o Mark Ruffalo precisando de dinheiro e se metendo em altas confusões
Outro sobre brinquedos velhos
E tinha um sobre mutilação. ou melhor: auto-mutilação
Tinha um sobre Texas e terra sem lei, com lei só pra uns
E um último sobre frio e terra sem lei, com lei só pra uns.

Claro que o gago ganhou.
Junte um rei, mais filme de época, mais fotografia cinza, mais citação sobre o holocausto e pronto. E o Oscar vai para O Discurso do Rei.

Tirando as categorias principais, eu errei quase tudo no bolão.
Não é dessa vez que serei o campeão.
Tenho que estudar e me aperfeiçoar mais sobre cinema.

p.s.: Globo, você é uma enganação, nunca duvidei.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Caixa de vidro, prédio velho, McDonald's e outras histórias

Tá, eu confesso: Eu amo BH.
Não radicalmente, porque aí já seria demais, mas amo aquele lugar como a roça grande urbanizada que é.

Com os mineiros de todas as partes, com o trânsito mortal e com suas lanchonetes fast food, salas de cinema e tudo mais que o capitalismo te esfrega na cara, como marcas de café e liquidações.

Sim, fugi de Viçosa e fui dar um pulo em BH, porque ninguém é de ferro.

Uma meta: sair do estresse da cidade pequena e enfrentar o da cidade grande.
Três objetivos: Cinema, Mc Donald's e Praça da Liberdade.

O primeiro e o segundo estão baseados na regra número 1 de ir pra cidade grande.
O terceiro eu fazia questão. Queria conhecer os prédios da Praça da Liberdade após as reformas que passaram, após a mudança da sede do governo de Minas.

O Espaço Tim UFMG do Conhecimento é uma grande caixa de vidro, entre os prédios ecléticos da praça.

Cinco andares com exposições, elevador, ar condicionado e um planetário


A exposição da vez era Demasiado Humano, que contava um pouco da Pré-História, passava pelo desenvimento da escrita e as diversas lendas para a origem do homem


Era lúdico, tinha tecnologia, tluz e cor.


Mas os dinossauros são sempre os mais legais!

No planetário um filme sobre o Sistema Solar.
Não gosto do Sistema Solar. Quando posso mudar?


Meu prédio preferido da Praça da Liberdade, a antiga Secretaria de Educação, deu lugar ao Museu das Minas e do Metal.

Passado e futuro juntos.
Após um ano de restauração, o museu abriga uma grande exposição interativa que conta a história da exploração de metais em Minas Gerais e enche os olhos, ouvidos e tato com as mais diversas percepções sobre os minerais.


Achei tudo bacana, e olha que eu odeio pedra desde a sexta série.
Sou traumatizado com museus cheios de pedra.


Desci em uma mina, ouvi Dom Pedro cheio de lamúrias, conversei com um robô, vi cenas de Xica da Silva e descobri quanto metal tem no meu corpo.

Daqui a pouco começo a ficar preso em portas giratórias.


A melhor parte do museu é ver que o prédio antigo tá ali, com suas colunas, pinturas, assoalho... Tudo muito bem restaurado e conservado.

Progredir é avançar levando junto o passado como referência (isso foi uma indireta).


Foto oficial com a anfitriã, Mônica, que me ensinou a pegar ônibus em BH.


E foto oficial em outro prédio marcante de BH.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Praça de quem?

Quando estava escrevendo minha monografia eu pesquisei um pouco sobre praças.
Não sobre praças de maneira física, apenas, mas sobre praça no sentido histórico e social.

A praça foi uma das primeiras estruturas urbanas a surgir, quase de forma natural.
Era um logradouro de reunião, de passagem, de encontro.

Lembram-se das aulas de história, da ágora grega ou do fórum romano?
É de lá que a praça atual assumiu suas principais características.

Assumiu caráter simbólico e estruturador.
As cidades começaram a crescer em volta das principais praças.
Muitas tem uma praça como o marco inicial de urbanização.

O entendimento do que é praça varia de acordo com o período histórico e com a cultura local.
Hoje a praça são largos, passeios públicos, arborizados ou não, que propiciam a convivência e o lazer.

Quanto mais praças a cidade tem, mais oportunidades de reunião é dada as pessoas daquele lugar.

Os urbanistas e políticos assumiram a praça como elemento estruturador da malha urbana, local valorizado para comércio e lugar propício a instalação de equipamentos públicos, por serem logradouros focais do espaço urbano.

No Brasil, historicamente, as praças são vinculadas as igrejas. São extensões de seus adros.
Com o surgimento de novas cidades passaram a receber os prédios públicos.
Era o símbolo do poder do Estado e da Igreja. Era o centro da vida social do lugar.


Praça Silviano Brandão 1916 - Chamada de Passeio Público

A praça, como espaço de convivência, acompanhou as mudanças da sociedade.
No princípio eram locais ajardinados, com canteiros de flores, lagos, árvores frondosas.
Remetiam as praças amplamente difundidas na europa até o século XVIII.

As prefeituras tinhas cuidados especiais pelas praças centrais de suas cidades.
Era a cara do lugar.
Local de passei no domingo.
De arrumar namorada.
De levar as crianças para brincar.
De celebrações religiosas.

Ao andar pelas cidades pequenas ainda hoje os coretos.
Ícones de uma época em que as bandas de músicas se apresentavam.
No meio da praça, no meio da cidade, havia um palco livre para apresentações musicais.

Por volta de 1945 a Praça Silviano brandão sofre sua primeira grande reforma e perde o coreto

Na nossa memória as praças ainda são lugares ajardinados destinados ao passeio, descanso e convivência.
Mais tarde surgiram as praças secas, destinadas a aglomeração de pessoas e manifestações públicas.

As antigas praças verdes são reformadas para se modernizarem, receberem mais gente.
Mais calçamento.
Talvez perde-se o coreto.
Ganha-se algum monumento.

No meio do século XX se valorizava a simplicidade, mudança dos tempos.

Apesar de todas mudanças a praça ainda era o foco. Os serviços públicos ainda se desenvolviam por ali. A igreja ainda tinha seu destaque no logradouro.

Em 1967 a praça se torna retrato da nova Viçosa, um asterisco na História

As cidades crescem.
Novas praças surgem, ou não.
O fato é que a praça principal vai perdendo seu caráter aglutinador.

Sem grandes atrativos as pessoas não vão mais a praça por lazer.
Os serviços públicos começam a deixar a área, pois crescem e os imóveis ali existentes não mais os comportam.

A praça se torna um lugar de passagem.
Perde-se a praça e ganha-se a rua.

E falando em rua, com o boom automobilístico da segunda metade do século XX, grandes pedaços das praças viram estacionamentos e vias.
Essa é uma característica observada nas cidades mais diferentes do país.

Na década de 1980 a praça foi novamente reformada, recuperou o coreto, porém nunca foi realmente assumida de volta pela população.

O centro da cidade não é mais sua praça central e sim a concentração comercial.
Às vezes confluem, as vezes não.

As igrejas não se instalam em praças mais. Os prédios públicos também não.
As praças só respiram no horário comercial.
Perdeu seu caráter bucólico.
Ganhou um pouco de insegurança.
Perdeu em estética.
Ganhou em circulação.

Não se para mais nas praças.
Não são mais símbolos da cidade.
Não são mais a principal preocupação da prefeitura.

As manifestações culturais diminuíram.
As religiosas são mais raras.

O coreto não tem mais música, tem moradores de rua.
As árvores não fazem sombra, são esconderijos.
Os monumentos não se destacam, a arquitetura não se destaca, o povo não se destaca.

A praça tem se tornado um vazio urbano.
Ela ainda exerce seu papel social?

Quando eu digo papel social me refiro ao seu caráter singular e não a exploração comercial do espaço que toma o lugar dos pedestres.
Não ao abrigo de crianças que ficam pelas ruas sem auxílio.
Não me refiro ao ponto de prostituição e ao uso de drogas.

A praça é apenas o vulto do que foi. Zumbi da cidade a procura de atenção. Ignorada.

A praça deixou de ser um lugar de aglutinação para ser um local de dispersor.
Falar que você vai à praça hoje pode não ser boa coisa.

A praça não é só o núcleo do logradouro, mas todo seu entorno: comércio, igreja, serviços, vias.
Em tempos de grandes mudanças sociais a praça deve mudar, mas com a sociedade.

Não adianta reformar o espaço se não usa-se um desfibrilador social para reanimar o coração da cidade.
Reformar por reformar é manter viva numa maca.

p.s: Qualquer semelhança com uma certa praça de Viçosa não é mera coincidência.
(Fotos: acervo Tony Mello, blog O Passado Compassado de Viçosa, o autor)

upload: lembro de quando ficava na praça depois da missa, dos meus balões de gás hélio, dos sorvetes, dos sacos de pipoca, das compras de Natal, das feiras, das Semanas Santas, da Festa de Santa Rita, das apresentações do coral, do anfiteatro do Arthur Bernardes, do coreto sem cheio de urina, do hibisco rosa, dos bancos de madeira, do lago de carpas, do palco que era rampa de skate... Sou velho? O que aconteceu nos últimos 15 anos?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Quando curto um curta

Comparar as coisas que eu acho no Youtube com alguns vídeos do Vimeo é tipo comparar
McDonald's com Lanches Valente; um tem a fama, mas o outro me faz bem mais feliz.

Lightheaded - um curta pra movimentar o dia

p.s.: Me esforçando na pesquisa pro bolão do Oscar, que está chegando

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Perdendo a inocência sobre a cidade

Eu estava conversando com minha prima ontem sobre a compreensão que as pessoas tem da cidade e fiquei com isso na cabeça.
Fui buscar na minha cabeça o que era cidade pra mim. Claro que minha maior referência é a cidade que nasci e que vivo, Viçosa.

Desde pequeno me interesso pela cidade. Claro, com um outro ponto de vista.
Desde pequeno vivo a cidade, a minha rua o meu bairro.
Desde pequeno eu queria melhorar a minha cidade.

Sobre as casas feias eu tinha a idéia de derrubar e fazer novas.
As casa velhas derrubaria e faria prédios.
Sobre o trânsito complicado, ampliaria as ruas pra caber mais carros.
As praças, cortaria as árvores, colocaria bancos e grandes monumentos.

Com o tempo, vi que as coisas não são tão simples.
A prefeitura não é rica.
O privado é mais caro que o público.
Não há vontade política.
E a grande descoberta de todas: a cidade é viva.

Bem, é mais ou menos assim.

Quando eu era pequeno, a cidade pra mim eram as ruas, com as praças.
As cidades mais bonitas eras as com malhas ortogonais e praças secas.

Com o tempo percebi que nem sempre é assim.
O relevo não permite malhas ortogonais sempre.
Praças arborizadas tem mais gente que as de concreto.
Cada cidade é diferente.

As cidades são diferentes, porque estão em lugares diferentes, e o principal, são formadas por sociedades diferentes.

A cidade surgiu, historicamente, da aglomeração de pessoas.
Cada habitante desempenhava um papel econômico e eles se aproximaram para facilitar as trocas comerciais.
Ou seja, a cidade não nasceu de um desenho, mas sim da aproximação de pessoas.


A cidade não pode ser compreendida de maneira completa nessa escala

Pessoas diferentes, culturas diferentes, geram cidades diferentes.

As pessoas também mudam com o tempo, a cultura muda, a cidade muda.

A cidade é reflexo concreto da sociedade que nela habita.
A cidade é viva, porque ela não é um monte de asfalto, concreto, postes e sistemas de água e telefonia.
A cidade, além disso tudo, acima disso tudo, são as pessoas que nela moram, estudam, vivem e morrem, rezam, brincam, se casam, trabalham...

A cidade física é a adaptação do espaço para atender as necessidades das pessoas.

As pessoas mudam devagar, as cidade mudam devagar.
Transformações urbanas rápidas podem afastar as pessoas.
Afastando as pessoas, a cidade perde seu sentido, já que ela é um espaço de interação social.

Como interação social, a cidade deve ser compreendida na escala humana.

Com o tempo aprendi que os meus devaneios de abrir grandes avenidas, reformar praças, construir prédios... não era o melhor pra cidade.
Aquilo era uma idéia.
Não há uma idéia perfeita.

A cidade é formada por muitas pessoas, devemos ouvir então muitas pessoas?

Hoje, depois de 5 anos fazendo Arquitetura e Urbanismo ainda não sei tudo sobre cidades.
Minhas opiniões sobre o espaço urbano são técnicas.
Perderam a inocência do achismo e ganharam o embasamento teórico dos exemplos globais.
Não acho que tenho a resposta pra tudo, apenas tenho referências a serem discutidas.

Fico bravo quando alguém tem, hoje, a mesma idéia que eu já tive no passado, como a de que largas avenidas são a melhor solução para o trânsito, que praças secas deveriam ser regras e que prédios não tem aspectos negativos.

Eu deveria ter mais paciência.
Nem eu tenho maturidade suficiente pra olhar a cidade sob a escala humana.
É muito mais fácil olhar a planta urbana e fazer com ela o que eu quiser.

Retomando um ponto lá atrás.
Mudar o espaço urbano, físico, é necessário, é um processo natural.
As cidades mudam.
As cidades se adaptam.
Mas uma coisa deve ser clara, as cidades são diferentes.

Ao buscar referências para serem aplicadas, deve-se levar em consideração mais que aspectos geográficos, mas históricos, sociais e culturais.
Nem sempre a boa solução para uma metrópole é a melhor para a outra cidade.
As vezes a solução de uma cidade pequena é muito melhor, mais simples e mais barata.

Não há uma cidade perfeita.
Não há como construí-la.
Brasília, com seu exemplo de planejamento modernista, tem problemas como tantas outras metrópoles, e grandes gastos para amenizá-los.

Antes de propor grandes obras, que tal pensar a cidade numa escala mais humana.
Não pensar em um mapa sobre a mesa, mas na rua em que vive, na praça que convive, no Calçadão que você faz compras.

Ao percebermos quantas vidas são influenciadas pelo espaço a gente aprende a ter mais cuidado ao propor mudanças drásticas.

Ainda sou megalomaníaco.
Quero construir, reformar, modificar o espaço urbano, mas hoje vou com muito mais calma.
Temos de ouvir quem vive o espaço, os técnicos tem que trazer suas referências, os políticos sua prática e eu a opinião.

Discutir a cidade é discutir sobre algo vivo.
É quase fofoca.
E como fofoca pode sair do controle e prejudicar a pessoa, no caso, as pessoas, a própria cidade.

Que tal colocar a cidade em um divã antes de propor uma plástica, ou pior, um transplante?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Aniversário

Se você me perguntar: o que você acha de fazer aniversário no último dia do mês de janeiro? Eu vou lhe dizer: já odiei isso, mas hoje nem ligo.

Quando era criança, o último dia de janeiro era sinônimo de véspera de aulas.
Ou seja: meus amigos estavam de férias e/ou se preparando pra estudar.

Era tenso fazer aniversário nas férias.

Chegou um dia que notei que fazer aniversário era sinônimo de bolo.
Não gosto de bolo.
Parei de gostar de aniversários próprios.

Aniversário é o dia de ficar velho, e fazer pequenos balanços.
Nada de grandes reflexões, se não a gente pula da ponte, mas pequenas observações sobre os últimos meses.

É hora de correr atrás do tempo perdido e arar o território.

Aniversário em família, aniversário com os amigos...
Assim fico mais velho de novo.

Não há como parar o tempo.
Que ao menos, a cada ano, eu possa olhar pra trás e ver que ganhei mais que perdi.